Desde sempre gostei de postais, cartões e imagens antigas. Tudo o que, pelo seu colorido e fantasia, me fosse permitido guardar em livros e cadernos. Aquelas pequenas imagens brilhantes e ingénuas fizeram e fazem as minhas delícias.
O meu interesse por este tipo de cartões bordados, em seda ou gaze, emoldurados por cercaduras de papel cartonado, trabalhadas em relevo, comemorativos de datas, efemérides ou contendo simples pensamentos, despertou, quando, há alguns anos, em Paris, no Marché aux Puces, passeava por entre os alfarrabistas e tendas de bric-à-brac. Por curiosidade, folheei um álbum. Chamou-me a atenção este pequeno pássaro, com um ramo de flores no bico e uma mensagem "Portez lui mon souvenir". Não resisti. Comprei-o. Foi o primeiro de alguns que entretanto fui coleccionando.
No ano de 1995, na revista francesa Marie Claire idées, saiu uma reportagem sobre estes postais. Fiquei ainda mais fascinada. Procurei aprender um pouco sobre a sua origem e produção.
O coleccionador mencionado nesse artigo, Alain Eleb, que posteriormente conheci, era uma figura muito simpática, que tinha a sua pequena loja no Louvre des Antiquaires. Esclarece que esta espécie de postais bordados nasceu com o início do século XX. Foram novidade na Exposição Universal de Paris, no ano de 1900.O seu sucesso foi imediato. Marcaram presença por toda a Europa e conheceram o seu apogeu na década de vinte. Com os tempos mais modernos foram desaparecendo. Hoje são objecto de colecção.
Produzidos em série, serviram, também, como fonte complementar de rendimento para as mulheres que, em tempo de guerra e escassez, como foi o caso da I Grande Guerra, 1914-1918, os bordavam em casa, por encomenda.
A singularidade destes três postais reside no facto de terem sido escritos nos anos de 1917 e 1918 por soldados portugueses, que integraram o contingente das tropas nacionais que lutaram naquele país. Num deles, o soldado José Maria Pereira escreve que o seu aniversário natalício decorreu já nos campos de batalha, a "combater com as feras que queriam ser senhoras do mundo inteiro".
É grande a diversidade dos temas bordados: nomes, mensagens, pensamentos, celebrações, sentimentos, datas. Conheceram grande popularidade, principalmente em França, devido à sua qualidade estética, aliada a alguma ingenuidade, ao seu colorido e à leveza dos materiais em que eram executados.
Alguns eram enriquecidos com pequenos cartões, inseridos dentro de uma pequena bolsa, outros mostravam lencinhos delicados "joliment travailés et peut-être même parfumés"1.
1- Marie Claire idées, nº19. Décembre 1995, pág.88.
O meu interesse por este tipo de cartões bordados, em seda ou gaze, emoldurados por cercaduras de papel cartonado, trabalhadas em relevo, comemorativos de datas, efemérides ou contendo simples pensamentos, despertou, quando, há alguns anos, em Paris, no Marché aux Puces, passeava por entre os alfarrabistas e tendas de bric-à-brac. Por curiosidade, folheei um álbum. Chamou-me a atenção este pequeno pássaro, com um ramo de flores no bico e uma mensagem "Portez lui mon souvenir". Não resisti. Comprei-o. Foi o primeiro de alguns que entretanto fui coleccionando.
No ano de 1995, na revista francesa Marie Claire idées, saiu uma reportagem sobre estes postais. Fiquei ainda mais fascinada. Procurei aprender um pouco sobre a sua origem e produção.
Produzidos em série, serviram, também, como fonte complementar de rendimento para as mulheres que, em tempo de guerra e escassez, como foi o caso da I Grande Guerra, 1914-1918, os bordavam em casa, por encomenda.
Alguns eram enriquecidos com pequenos cartões, inseridos dentro de uma pequena bolsa, outros mostravam lencinhos delicados "joliment travailés et peut-être même parfumés"1.
1- Marie Claire idées, nº19. Décembre 1995, pág.88.