Desde que me lembro, passo as férias de Verão em Mogadouro.
São tantas as memórias!
O calor, aliado à quietude dos fins de tarde, envolve os registos mais marcantes.
Presente está sempre naquela varanda enorme, virada a poente, a memória do meu Sogro, senhor afável, que apreciava sobejamente esses instantes de fugaz serenidade - um círculo de fogo, pleno, que paulatinamente ia descendo, deixando um rasto de luz.
Actualmente, já com os netos, o Filipe e a Catarina, numa constante roda viva, de energia inesgotável, esses minutos mais apreciados se tornam.
Não me canso de olhar aquele mar de terras, uma vista distendida, próxima e distante...
Aquela cor castanha, intercalada de verdes, das árvores e dos lameiros, enternece e acalma, num frenesim de sentimentos.
Da varanda da casa, o pôr-do-Sol é magnífico.
O Sol, abrasador, começa a descer através dos ramos do freixo que o meu filho, cumprindo o dever da sua irrequietude juvenil, a seu tempo depenou. O laranja avermelhado deixa-se entrever.
Incandescente, a pouco e pouco, vai deslizando para a linha do horizonte, jogando às escondidas no seu eterno retorno.
Num claro-escuro contrastante, vai recolhendo, para nascer noutras partes do mundo. Ainda aquece, mas o seu braseiro apaga-se e o fogo esmorece.
Cada vez mais difusa, a luz vai-se esvaindo, despedindo-se para o renascer do novo dia...
Agradeço a colaboração fotográfica do Filipe Ferreira.